quinta-feira, 27 de setembro de 2012

JUSTINO, MÁRTIR


Flávio Justino nasceu no primeiro decênio do séc. II em Flávia Neápolis, a antiga Siquém, atual Nablus, na Palestina. Filho de pais pagãos, freqüentou as diversas escolas filosóficas de estóicos, peripatéticos e pitagóricos. Depois de ter professado durante longo tempo as doutrinas dos platônicos, converteu-se ao cristianismo. Viveu muito tempo em Roma, onde fundou uma escola e onde sofreu também o martírio entre os anos 163-167.
De Justino conservam-se três obras autênticas: O Diálogo com o judeu Trifão e I e II Apologia. A primeira e mais importante delas é dirigida ao imperador Antonino Pio e deve ter sido escrita entre os anos 150-155. A segunda, que vem a ser um apêndice da primeira, foi motivada pela morte de três cristãos, réus por se professarem tais. O Diálogo com o judeu Trifão apresenta uma discussão ocorrida em Éfeso entre Justino e Trifão, e quer demonstrar que a pregação de Cristo realiza e completa os ensinamentos do AT.
A doutrina fundamental de Justino pode ser resumida nos seguintes pontos:
— O cristianismo é a “única filosofia segura e útil” (Diál., 8), resultado último e definitivo ao qual a razão deve chegar em sua investigação. E a razão nada mais é do que o Verbo de Deus, isto é, Cristo, do qual participa todo gênero humano (Apol., I, 46).
— Os que viveram conforme a razão são cristãos, embora tenham sido considerados ateus... “De modo que aqueles que nasceram e viveram irracionalmente foram malvados e inimigos de Cristo e assassinos dos que vivem segundo a razão; mas aqueles que viveram e vivem segundo a razão, são cristãos impávidos e tranqüilos.”
— Porém, esses cristãos anteriores não conheceram toda a verdade. Havia neles sementes de verdade que não puderam entender perfeitamente (Apol., I, 44).
— “Tudo o que de verdade se tenha dito pertence a nós, cristãos; já que, além de Deus, nós adoramos e amamos o logos do Deus ingênito e inefável, o que se fez homem por nós, para nos curar de nossas doenças, participando delas” (Apol., II, 13).

FONTE: Breve dicionário de Pensadores cristãos. Pedro Santidrián
BIBLIOGRAFIA: Obras: PG 6; Corpus Apologetarum Christianorum saeculi II. Ed. Otto, Jena 1847-1872, 9 vols.; H. Yaben, San Justino. Apologías, Madrid 1943; Padres apologetas griegos. Edição bilíngüe (BAC).

segunda-feira, 4 de junho de 2012

BASÍLIO DE CESARÉIA


Basílio Magno (de Cesaréia 330-379). Além da atividade religiosa, Basílio fundou monastérios, reformou a vida clerical (regra basiliana) e litúrgica. Em torno de 375-379 escreveu “Advertência aos jovens a respeito do uso dos clássicos pagãos”. Espístola na qual ensina a valorizar o que de bom se encontra nos autores não cristãos. Além da estima pela teologia, ele também enfatizava o dever de amor ativo ao próximo. O coração da vida consagrada está no serviço amoroso ao próximo. Sua regra é marcada pelas seguintes características: obediência como base da vida religiosa; perfeição como sacrifício da vontade; o paradigma da vida comunitária é a comunidade primitiva de Jerusalém. Ele foi um dos primeiros a organizar a oração salmódica.
O trabalho dogmático mais importante de Basílio apóia-se na sua luta contra o arianismo e, particularmente, contra os imperadores Juliano (tentou restaurar o paganismo) e Valente. Seu empenho tem o objetivo de esclarecer a fé da Igreja:
— “Nas discussões sobre Deus deve-se tomar por guia a fé, a fé que impele à aceitação mais fortemente do que à demonstração, a fé que não é produzida por uma necessidade geométrica, mas pela ação do Espírito Santo” (Hom. In Ps., 115, 1).
— “Não aceitamos nenhuma fé que não seja prescrita por outros nem presumimos expor os resultados de nossa reflexão, para não dar como regra de religião o que somente os santos padres nos têm ensinado”.
— Em suas discussões sobre a Trindade, mantém firme o fundamento de uma só substância (ousía) e três Pessoas (hipóstasis): igualdade substancial das três Pessoas, distintas, no entanto, em sua individualidade. Frente aos semi-arianos, admitiu a substituição do termo “consubstancial” pela fórmula “semelhante imutavelmente na essência”.
— Diante de Eunômio, São Basílio afirma que “o conhecimento da essência divina consiste somente na percepção de sua incompreensibilidade” (Ep. 234, 2). Podemos conhecer Deus através de suas obras, mas sua essência nos é inacessível.

FONTE: Breve dicionário de pensadores cristãos. SANTIDRIÁN.

AS FORMAS DE VIDA CONSAGRADA


A vida celibatária: parece que teve motivação teológica, com a intenção de ser um sinal da presença do Reino de Deus. aparece como uma opção livre. As virgens consagradas são apontadas como uma das primeiras formas de vida consagrada. Durante os séculos II e III há um crescimento do celibato como forma de consagrar-se a Deus. Era uma espécie de marca cristã de superioridade sobre o paganismo, como acentuam Tertuliano e Clemente.
A vida eremítica: um anseio por perfeição, anacoretismo. Antão do deserto (250-350) parece ter sido o pioneiro na retirada para o deserto. Aos vinte anos abandonou sua abastada família e retirou-se para o deserto do Egito. Por volta de 306 começou a receber discípulos.
A pedagogia da direção espiritual consistia em: submissão ao ancião (sua autoridade e palavra eram reconhecidas como carismáticas, um dom divino), imitá-lo, abrir-se a ele, libertar-se do apego egoísta, discernir os espíritos, guiar-se pela Palavra de Deus.
Mentoria e discipulado. A perfeição era considerada como penitência física. Havia um forte acento na luta contra os demônios e na recondução da humanidade ao estado anterior ao pecado original.
A vida cenobítica: vida em comum, em comunidade. Pacômio provavelmente foi seu fundador. Na Palestina, através de Hilarião (séc. IV), desenvolveu-se uma forma intermediária de monasticismo entre o anacoretismo e o cenobitismo.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

OS PURITANOS E A PREGAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS


É típico se ver nas igrejas cristãs um zelo especial pela Palavra de Deus. Nas denominações evangélicas este cuidado também é notório. Embora um tanto desgastada pelos péssimos exemplos da atualidade a pregação da Palavra sempre ocupou um lugar de destaque no culto e na vida cristã, seja do leigo ou do ministro. Ao percorrer a história do cristianismo salta aos olhos os gloriosos exemplos deste amor pelas Letras Sagradas. Os puritanos podem ser tomados como um desses exemplos e aqui estarão expostos os seus traços gerais; servindo-se como guia a exposição de James Packer.
Ainda que um lapso de tempo de quatrocentos anos nos separe dos puritanos, hoje se reafirma a  necessidade de empenho, sinceridade e boa disposição na pregação. Os sermões puritanos eram marcados pela centralidade na Bíblia e vivacidade, tendo em vista a vida diária. “A retórica dos puritanos era serva do biblicismo deles” (p. 300).
A tradição puritana quanto à pregação foi criada em Cambridge na passagem do século XVI para o século XVII, pelos líderes do primeiro grande movimento evangélico naquela universidade (William Perkins, Paul Baynes, Richard Sibbes, John Cotton, John Preston, Thomas Goodwin e outros). O puritanismo que tinham em comum não era um programa de reformas eclesiáticas (p. 300).
No final do século XVI a estrutura dos sermões já tinha sido simplificada, nasceu então a divisão do sermão em três pontos. Lloyd-Jones foi o principal responsável pela entrada da tradição puritana da pregação no séc. XX (p. 301).

Ao traçar o perfil dos puritanos, Packer ressalta as atitudes e maneiras como a pregação deve ser apresentada, tal como aparece no Westminster Directory for the public Worship of God.
Ao servo de Deus cabe realizar todo o seu ministério (p. 298):
1-     Com empenho, não fazendo a obra do Senhor com negligência.
2-     De forma clara, para que os mais simples possam entendê-lo, equilibrado no uso das palavras.
3-     Fielmente visando a honra de Cristo, a conversão, a edificação, a salvação de pessoas e não sua própria glória e vantagem; nada ocultando que possa promover esses objetivos.
4-     Sabiamente, formulando bem todas as suas doutrinas, exortações e, sobretudo, suas reprimendas.
5-   Com seriedade, como convém à Palavra de Deus, evitando gestos, tons de voz e expressões que ocasionem as corrupções humanas que levem as pessoas a desprezarem a ele mesmo e o seu ministério.
6-     Com amor, para que as pessoas vejam que tudo se deriva de seu zelo piedoso, de seu profundo desejo em lhes fazer o bem.
7-    Como alguém que foi ensinado por Deus e que está persuadido, em seu próprio coração, de que tudo quanto ensina é a verdade de Cristo.

Quatro axiomas sublinham todo o pensamento puritano sobre a pregação:
1-     Primazia do intelecto: “Toda graça entra por meio do entendimento”. O único caminho para o coração, que o pregador está autorizado a tomar, passa pela cabeça das pessoas.
2-     Crença na suprema importância da pregação. O sermão era o clímax litúrgico da adoração pública. O sermão não vem naturalmente, o estudo intenso deve ser constante e toda a vida semanal do pregador deve ser planejada tendo em vista o tempo necessário para a preparação do sermão.
3-     Crença no poder que as Escrituras possuem para dar vida. Confiança no poder vivificador e nutriente da mensagem bíblica. A Bíblia é a Palavra de Deus, portanto tem poder para tocar as pessoas no âmago de suas almas. A tarefa do pregador é apascentar o rebanho com o conteúdo da Bíblia. A pregação era caracterizada pela reverência pela verdade revelada e a fé em sua total suficiência ante às necessidades humanas. Por esses motivos o trabalho pastoral era definido em termos de pregação.
4-     Crença na soberania do Espírito Santo. Insistiam que a eficácia final da pregação está fora do alcance do pregador (p. 304).

Os tipos de pregação que derivaram dessas convicções (p. 305...):
1-     A pregação dos puritanos era expositiva em seu método. Explicavam o texto em seu contexto; extraíam uma ou mais observações doutrinárias; ampliavam, ilustravam e confirmavam, com base em outros trechos bíblicos, as verdades dali derivadas.
2-     A pregação dos puritanos era doutrinária em seu conteúdo. “A tarefa do pregador consiste em pregar a fé, e não promover entretenimento para os incrédulos – em outras palavras, alimentar as ovelhas e não divertir os bodes” (p. 306).
3-     A pregação dos puritanos era ordeira em seu arranjo. Davam importância à análise e um bom sermão tinha que ser o mais claro e lógico quanto possível. Eles ensinavam às sua congregações a memorizarem os sermões a fim de meditarem neles durante a semana. Um sermão que fosse difícil de ser lembrado, por essa mesma razão, era tido como um mau sermão (p. 306).
4-     A pregação dos puritanos era profunda em seu conteúdo e popular em seu estilo. Toda a prédica que exalta o pregador não edifica e é uma pregação pecaminosa. Usavam uma linguagem (o inglês) simples, direta e familiar.
5-     A pregação dos puritanos era cristocêntrica em sua orientação. “A chamada do pregador consiste em anunciar todo o conselho de Deus; e a cruz é o centro desse conselho” (p. 307). Três metas: humilhar o pecador, exaltar o Salvador e promover a santidade.
6-     A pregação dos puritanos era experimental em seus interesses. A pregação era declaradamente prática: conduzir as pessoas ao conhecimento de Deus, a experimentá-lo. A regra fora formulada por David Dickson, que recomendou a um jovem pastor que estudasse dois livros ao mesmo tempo: a Bíblia e o seu próprio coração. “Os puritanos viam como uma questão de consciência provarem, por si mesmos, o poder salvífico do evangelho que recomendavam a outros” (p. 308). Demonstravam terem experimentado aquilo que estavam falando.
7-     A pregação dos puritanos era transpassante em suas aplicações. A Palavra de Deus deve ser aplicada aos diferentes tipos de pessoas, dado que as igrejas são formadas por um misto de todo tipo de gente. Baseado nisso o Westminster Directory for Publick Worship of God especifica seis tipos de aplicações: 1) instrução ou informação quanto ao conhecimento de alguma ... conseqüência de sua doutrina; 2) refutação de doutrinas falsas; 3) exortação quanto aos deveres; 4)dissuasão, repreensão e admoestação pública; 5) consolo adequado; 6) auto-exame (p. 309).
8-     A pregação dos puritanos era poderosa em sua maneira de ser. Eles buscavam a unção no púlpito e pregavam como se fosse a última vez, “como se a morte estivesse em suas costas” (p. 310). A técnica é uma necessidade na pregação (exposição e aplicação), mas é necessário, principalmente, a unção do Espírito Santo.
   
    (Leituras em PACKER, J. I. A pregação dos puritanos. Cap. 17, in Entre os gigantes de Deus: Uma visão puritana da vida cristã. São José dos Campos, SP: 1996.)

A LITURGIA CRISTÃ ANTIGA


A liturgia cristã tem como primeira fonte a liturgia judaica. No entanto, a partir do século II houve um crescente afastamento das raízes judaicas e uma absorção de expressões litúrgicas oriundas da gentilidade. Sobretudo a partir de 313, com o Edito de Milão, a igreja pôde celebrar uma liturgia mais solene e em edifícios adequados, nos quais os serviços litúrgicos poderiam acontecer.

A INFLUÊNCIA JUDAICA
É patente a influência da liturgia judaica sobre a cristã. Principalmente se tomarmos como exemplo a estrutura básica da liturgia judaica, que se organizava fundamentalmente assim: BERAKAH (bênção de admiração, louvor, agradecimento etc.), SHEMÁ (confissão de fé, profissão de fé), TEFILLAH (oração), QERIAT TORAH (leitura da Torá).

ORIGENS (SÉC. I-IV)
Originalmente a liturgia cristã consistia no batismo, fração do pão, leitura, oração e cantos litúrgicos. Entre os séculos II e III tem início o catecumenato e a configuração definitiva do batismo e da ceia, a celebração da páscoa anualmente e o culto aos mártires.

A primeira etapa da liturgia cristã é caracterizada por uma grande liberdade na apropriação e na criação das formas cultuais e também na adoção de expressões que eram mais compreensíveis para os convertidos procedentes da gentilidade. A oração é organizada conforme as horas do dia e as vigílias noturnas. É característica a improvisação, embora dentro de esquemas fixos. É neste período que surge um ciclo de festas cristãs, cuja mais importante é a páscoa, que determinará a data da celebração das demais festas como o natal.

DESENVOLVIMENTO LOCAL (SEC. IV-VI)
A partir do edito de Milão, 313, a Igreja pôde celebrar uma liturgia mais solene e mais adequada aos edifícios que teve restituídos. O domingo foi declarado dia festivo, o ano litúrgico foi estruturado, aparecem e se consolidam as liturgias locais e se produz grande criatividade literária.

A entrada maciça de convertidos do paganismo obrigou a igreja a reorganizar o catecumenato e manter o rigorismo na reconciliação sacramental dos penitentes. Aparecem as insígnias pontificais, as vestes e as sedes dos ministros.

(referências: MARTÍN. A liturgia da igreja. Paulinas. DI SANTE. Liturgia judaica. Paulus.)

O DESENVOLVIMENTO DA REGRA DE FÉ

Os credos e as regras de fé foram meios usados pela igreja para definir os aspectos mais essenciais da fé cristã. Eram espécies de resumos ou sumários das doutrinas ortodoxas que identificariam um cristão. Tais credos também foram importantes no processo de reconhecimento dos escritos que iriam compor o cânon do Novo Testamento.

Há algumas profissões de fé que foram produzidas pelos Pais da Igreja e poderiam representar um consenso geral dentro da Igreja. Irineu e Tertuliano desenvolveram regras de fé que diferenciariam o verdadeiro cristianismo do gnosticismo. Seguem abaixo alguns dos credos desenvolvidos por volta do século IV d.C. Os dois últimos aqui apresentados são fruto das reuniões dos concílios ecumênicos de Niceia (325) e Constantinopla (381).

CREDO DOS APÓSTOLOS (Antigo Credo Romano)

“Creio em Deus onipotente e em Jesus Cristo seu único filho, nosso Senhor, que nasceu do Espírito Santo e da virgem Maria, que foi crucificado sob o poder de Pôncio Pilatos e sepultado, e ao terceiro dia ressurgiu da morte, que subiu ao céu e assentou à direita do Pai, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos. E no Espírito Santo, na santa Igreja, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna.”

CREDO NICENO

Credo de Cesareia

“Cremos em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um só Senhor Jesus Cristo, Verbo de Deus, Deus de Deus, Luz de Luz, Vida de Vida, Filho unigênito, primogênito de toda a criação, por quem foram feitas todas as coisas; o qual foi feito carne para a nossa salvação e viveu entre os homens, e sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, e subiu ao Pai e novamente virá em glória para julgar os vivos e os mortos; cremos também em um só Espírito Santo.”

Credo de Niceia

“Cremos em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um só Senhor Jesus, o Filho de Deus, gerado pelo Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual foram feitas todas as coisas, as que estão no céu e a s que estão na terra; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu encarnou e se fez homem, e sofreu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, e novamente deve vir para julgar os vivos e os mortos; e no Espírito Santo. E a quantos dizem: ‘Ele era quando não era’, e ‘Antes de nascer, ele não era’, ou que ‘Foi feito do não existente’, bem como a quantos alegam ser o Filho de Deus ‘De outra substância ou essência’, ou ‘feito’, ou ‘mutável’, ou ‘alterável’ a todos estes a Igreja Católica e Apostólica anatemiza.”

Credo Niceno (niceno-constantinopolitano)

“Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne do Espírito Santo e da Virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos, e padeceu, e foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu aos céus, e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim; e no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do Pai, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas; e na Igreja una, santa, católica e apostólica; confessamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro.”

(Todos os credos citados foram retirados de BETTENSON. Documentos da Igreja Cristã. ASTE)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Atanásio de Alexandria (279-373)


Denominado a “coluna da Igreja” e o “martelo dos arianos”, nasceu em Alexandria, onde recebeu uma formação clássica e teológica. Há indícios de que na primeira juventude teve contatos com os monges de Tebaida. Em 319 foi ordenado diácono pelo bispo Alexandre, a quem mais tarde serviu como secretário. Foi como secretário que acompanhou o bispo ao Concílio de Nicéia (325), no qual se sobressaiu por sua discussão e dialética com os arianos. Três anos mais tarde (328), foi nomeado bispo de Alexandria.

A partir de então, a vida de Atanásio como bispo caracterizou-se pela luta contra os erros dos arianos, a defesa da verdade sancionada em Nicéia, oralmente e por escrito, e por seu indomável zelo e constância diante da adversidade. A Igreja do Oriente denominou-o “padre da ortodoxia” e a Igreja Romana considera-o entre os quatro grandes padres do Oriente. Atanásio, o Grande, foi o alvo da cólera dos arianos até o resto de seus dias. Tentaram reduzi-lo ao silêncio, procurando o favor do poder civil e corrompendo a autoridade eclesiástica. Por cinco vezes, foi expulso de sua sede episcopal e passou mais de 17 anos no exílio. Mas nada conseguiu quebrar sua resistência, pois estava convencido de que lutava pela verdade. Foi reabilitado na sede de Alexandria no dia 1º de fevereiro de 366. Viveu em paz o resto de seus dias e morreu no dia 2 de maio de 373.

É surpreendente a atividade literária de Atanásio, apesar de uma vida tão agitada. Certamente a maior parte de suas obras está estreitamente relacionada com sua luta em defesa da fé nicena. “Submete a exame crítico uma e outra vez a argumentação dialética e exegética de seus adversários, e refuta as acusações que alguns de seus inimigos sem escrúpulos lançavam contra ele”. “Em todos os seus escritos, diz Fócio, o estilo é claro, livre de redundâncias e simples, porém sério e profundo, e seus argumentos são extremamente eficazes.”

Sua extensa obra pode classificar-se em:
1) Escritos apologéticos e dogmáticos. Figuram aqui, fundamentalmente, três obras: o Tratado contra os pagãos, o Tratado sobre a encarnação do Verbo e os Discursos contra os arianos. Estes últimos, esctitos entre 338-339, constituem a obra dogmática mais importante de Atanásio. Faz um resumo da doutrina ariana tal qual foi exposta por Ario na Thalia (Ario) e defende a definição do Concílio de Nicéia de que o Filho é eterno, incriado — agénetos — e imutável, e de que existe unidade de essência entre o Pai e o Filho. Entre as obras dogmáticas espúrias atribuídas a Atanásio está o chamado Símbolo atanasiano, denominado também Symbolum Quicumque. Sua atribuição a Atanásio não é anterior ao séc. VII. Alcançou fama mundial e a partir do século IX foi utilizado no ofício ordinário dos domingos. É uma exposição clara da Trindade e das duas naturezas na única pessoa de Cristo. Provavelmente é de origem galicana e data do séc. V.

2) Escritos histórico-polêmicos, dos quais Atanásio se valeu para defender-se de seus inimigos. Nesta seção encontramos a Apologia contra os arianos, de fundamental importância para a história da controvérsia ariana; Apologia ao imperador Constâncio, obra em que colocou seu maior cuidado, escrita numa linguagem valente e digna, perfeitamente acabada e na qual brilha a arte; Apologia pela fuga, que justifica sua fuga da Igreja, e que se tornou um dos escritos mais famosos de Atanásio; A história dos arianos ataca o imperador Constâncio como um inimigo de Cristo, patrocinador da heresia e precursor do Anticristo.

3) Escritos exegéticos e ascéticos. Entre os primeiros estão os comentários sobre os Salmos, o Gênesis, o Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos. Entre os segundos está a Vida de Santo Antão, o documento mais importante do monaquismo primitivo, escrito a partir da morte de Antônio do deserto (356). Dedicou-o aos monges, a pedido destes que queriam saber “como Antônio praticou o ascetismo, como viveu anteriormente, como foi sua morte, e se era verdade tudo quanto dele se dizia”. Escreveu a Vida de Santo Antão com o objetivo de apresentar um modelo de vida consagrada ao serviço de Deus. “É uma regra de vida monástica em forma de narração” (Gregório Nazianzeno). Com a Vida de Santo Antão criou um novo tipo de biografia, que serviu de modelo para toda a hagiografia grega e latina posterior.

4) Cartas. Somente sobreviveu uma pequena parte. Muitas delas são decretos e tratados, mais do que cartas pessoais e privadas. Elas nos chegam nos mesentérios da controvérsia ariana. Em primeiro lugar estão as chamadas Cartas festivas, cartas nas quais os bispos de Alexandria anunciavam todos os anos, às sedes sufragâneas, o início da quaresma e a festa da páscoa. São 17 as cartas festais, que começam a partir do ano 329. A mais famosa é a que corresponde ao ano 367. Nela condena-se a tentativa dos hereges de introduzir obras apócrifas como Escritura divinamente inspirada, e enumeram-se os livros do Antigo e do Novo Testamento incluídos no cânon, transmitidos e aceitos pela Igreja.

Há outras cartas importantes: três cartas sinodais, carta aos bispos africanos, duas cartas encíclicas, cartas dogmático-polêmicas, carta aos monges, cartas ascéticas etc.

Todos os esforços de Atanásio tendem a estabelecer, “desde as origens, a autêntica tradição, doutrina e fé da Igreja Católica que o Senhor deixou, os apóstolos pregaram e os padres conservaram”. Seu maior mérito consiste em ter defendido o cristianismo tradicional do perigo da helenização, oculto na heresia de Ario e de seus seguidores. Seus pontos de insistência são: a) A doutrina sobre a Trindade, “que é Deus no Pai, no Filho e no Espírito Santo, que não têm associado nenhum elemento estranho ou externo”. b) O logos e a redenção: “Ele se fez homem para que pudéssemos tornar-nos Deus, e manifestou-se através de um corpo para que tivéssemos uma idéia do Pai invisível”. c) Cristo: “Assim como é o Verbo de Deus, o Verbo se fez carne. E enquanto no princípio era o Verbo, na plenitude dos tempos a Virgem Maria concebeu-o em seu seio e o Senhor se fez homem”. “Sendo realmente Filho de Deus, fez-se também Filho do homem, e sendo Filho Unigênito de Deus, fez-se também primogênito entre muitos irmãos”. d) O Espírito Santo é Deus, que procede do Pai. Em nenhuma parte afirma explicitamente que o Espírito Santo proceda do Filho. É, no entanto, um corolário de sua doutrina.

FONTE: Breve dicionário de pensadores cristãos. Santidrián. BIBLIOGRAFIA: J. Quasten, Patrología, II, 22-83; Obras: PG 25-28.

A CONFIGURAÇÃO DO DOGMA TRINITÁRIO


A doutrina da trindade, ou dogma trinitário, isto é a doutrina sobre as três pessoas da Santíssima Trindade está presente na Bíblia e foi delineada em contornos mais precisos ao longo de anos e diversos concílios da igreja cristã. Ela trata da identidade, natureza e relacionamento entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Vamos compreender seu desenvolvimento histórico através dos concílios ecumênicos de: Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431), e Calcedônia (451).
Estes concílios são chamados “ecumênicos” porque pretendiam reunir toda a cristandade (todo o mundo habitado), ou seja, representantes de todas as igrejas cristãs. Hoje em dia a palavra adquiriu outro significado, um tanto diverso do que tinha no contexto ao qual nos referimos.
A obra do concílio de Nicéia (    ) é dupla: a condenação de Ário e a elaboração de um símbolo de fé trinitária. Este ficou conhecido como credo niceno e foi retomado e completado no concílio de Constantinopla.
No concílio de Constantinopla (    ), convocado pelo imperador Teodósio, ainda foram tratadas questões sobre o arianismo e o Espírito Santo. Foram questões trinitárias e houveram dois aspectos doutrinários mais importantes: reafirmam fortemente as decisões de Nicéia contra o arianismo; e proclamam a divindade do Espírito Santo.
No concílio de Éfeso (    ) foi decidido pela união real das duas naturezas em Cristo, a humana e a divina, e o uso do termo theotokos (genitora de Deus) para se referir a Maria, mãe de Jesus. Um outro partido achava que o termo mais apropriado seria christotokos (genitora de Cristo). O problema mais combatido foi o nestorianismo, que acentuava as diferenças entre as duas naturezas de Cristo.
A heresia monofisita, uma só natureza, proclamada por Êutiques, foi condenada no concílio de Calcedônia (    ). Este concílio reafirmou as duas naturezas de Cristo e explicou que ele é consubstancial ao Pai, isto é de mesma substância.
Substância: hoje, a palavra significa natureza ou essência; em teologia trinitária, o que os três têm em comum. Mas no século IV muitas pessoas ainda a empregavam em um sentido mais concreto: o que existe, o ser.
Hipóstase: nós a entendemos no sentido de ser individual concreto, pessoa. Há algumas confusões quanto ao uso do termo como um sinônimo de substância.
Subordinacionismo: posicionamento teológico no qual as três pessoas da Trindade estão subordinadas umas às outras. Este subordinacionismo geralmente é entendido substancialmente, mas também pode ser funcional.
Monofisismo: nesta heresia os contrastes entre as duas naturezas de Cristo são diminuídas e, nos casos mais problemáticos (eutiquianismo), até anuladas.

Referência bibliográfica:
MEUNIER, B. O nascimento dos dogmas cristãos. São Paulo: Loyola, 2005.

CÂNON BÍBLICO DO NOVO TESTAMENTO


“Lembrai-vos dos vossos guias que vos falaram a palavra de Deus e, atentando para o êxito de sua carreira, imitai-lhes a fé”. Hebreus 13:7
A comunidade cristã primitiva teve que lidar com muitas adversidades. Primeiramente, acreditando ser uma continuidade de Israel, lidou com os descrentes. Em segundo, havendo se expandido para as comunidades gentílicas, afastou-se do judaísmo e viu-se no meio de uma tensão entre aqueles que assimilavam a cultura greco-romana e os que a rejeitavam. Aparecem heresias e a necessidade de se delimitar a fé cristã em contornos mais fortes. Em resposta às heresias nascem os credos, os símbolos da fé e o cânon.
Há quem considere que o cânon bíblico do Novo Testamento foi o primeiro evento dogmático na história do cristianismo. O cânon se refere aos livros que compõem o Novo Testamento. Por volta de 180 d.C., a Igreja de Roma compilou uma relação de livros que ficou conhecida como o Cânon Muratoriano; este documento data do século oitavo, mas foi descoberto em Milão no século dezoito, em uma biblioteca. Nele aparecem listados os quatro evangelhos, as cartas de Paulo, as três cartas de João, as de Judas e Apocalipse. As cartas de Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro não aparecem.
Dentre outras razões, a elaboração do cânon foi motivada pela ameaça que o gnosticismo representava à igreja. As influências gnósticas estão claramente presentes no pensamento de Marcião (100-160), um rico comerciante naval que em aproximadamente 140 muda-se para Roma, faz uma importante doação à igreja local e dissemina suas idéias. Ele era extremamente dualista, fazia oposição entre o Antigo e o Novo Testamento, Lei e fé, um Deus do Antigo Testamento e um do Novo Testamento e também defendia que a humanidade de Jesus era aparente.
O cânon marcionita consistia em: Ev. de Lucas e as epístolas paulinas (exceto 1 e 2 Timóteo e Tito) e todo o Antigo Testamento ficava de fora. Este foi o estopim para uma definição clara sobre quais seriam os livros inspirados e que serviriam de base para o ensino nas igrejas cristãs.
Outros fatores influenciaram na formação do cânon do novo testamento. A passagem da primeira à segunda geração cristã, desaparecem os apóstolos. O esgotamento da tradição oral ligada diretamente à fonte (apóstolos). Uso dos escritos na liturgia. Necessidade da catequese e da apologética. Impossibilidade de se estabelecer a teologia cristã unicamente sobre a base do AT.
CRITÉRIOS PARA A CANONICIDADE
1-     Uso normativo no culto: lidos e usados no culto dominical;
2-     Deveriam refletir o ensino da tradição para serem realmente apostólicos;
3-     Deveriam ser universais, amplamente usados nas Igrejas;
4-     Tinham que pertencer a dois gêneros literários: narrativo e epistolar;
5-     Origem apostólica;
6-     Aceitação tradicional;
7-     Conformidade com a regra da fé ou a fé da igreja.

terça-feira, 6 de março de 2012

Eusébio de Cesaréia (265-340)


Nasceu em Cesaréia da Palestina. Foi nomeado bispo desta mesma cidade em 313, onde morreu. Eusébio é um dos personagens chaves da história eclesiástica de seu tempo e tem um lugar reconhecido como historiador da Igreja. De fato, sua vida está intimamente ligada às lutas trinitárias do séc. IV, ao arianismo e à figura do imperador Constantino, de quem foi biógrafo e amigo.

Antes de mais nada, Eusébio é conhecido por sua História eclesiástica, um riquíssimo arquivo de dados, documentos e extratos de obras de toda classe, desde a primeira época da Igreja até o ano 324. Diz-se que sua História eclesiástica é para a Igreja dos primeiros séculos o mesmo que os Atos dos Apóstolos foram para as comunidades cristãs. Embora esse livro lhe tenha valido o título de “pai da história eclesiástica”, a historiografia de hoje não lhe perdoa o caráter apologético que Eusébio dá a sua obra, seu tratamento inadequado à heresia e sua quase total ignorância ou omissão de tudo que era relativo à Igreja Ocidental. Como historiador tem também outro livro intitulado Histórias diversas e a Vida de Constantino, panegírico que, além de importantes dados históricos, demonstra uma admiração e uma exaltação exagerada pelo papel e missão excepcionais deste imperador.

Além das obras históricas, Eusébio escreveu obras dogmáticas: Contra Marcelo e Sobre a teologia eclesiástica, na qual surge uma tendência acentuada para o arianismo, defendendo a não identidade de natureza entre o Pai e o Logos.

Seu livro apologético mais importante é a Preparação evangélica, em 20 livros, dos quais restam apenas 10. Servindo-se da rica biblioteca de Cesaréia, que herdou de seu mestre Pânfilo, acumulou um vastíssimo material de extratos de escritos gregos, cujos originais se perderam. Essa obra é regida pelos seguintes princípios:

— A filosofia e a revelação são idênticas. A verdade encontrou sua plena expressão no cristianismo que já havia surgido nos filósofos gregos.

— Platão é considerado como um profeta ou como um Moisés ático. Platão e Moisés combinam e têm as mesmas idéias.

— Platão conheceu a Trindade Divina porque pôs a alma do mundo ao lado de Deus e do Logos. Nas doutrinas éticas e pedagógicas coincidem Platão e Moisés, Platão e São Paulo. Porém, Platão chegou apenas até o vestíbulo da verdade, não à própria verdade.

— A verdade foi revelada pelo cristianismo, verdadeira e definitiva filosofia. No cristianismo, não só os homens são filósofos, também o são as mulheres, os ricos e os pobres, os escravos e os senhores.

Como se vê, é a mesma convicção que havia animado Justino, Clemente, Orígenes e, em geral, os padres alexandrinos.

FONTE: Breve dicionário de pensadores cristãos. Santidrián.

A RELAÇÃO IGREJA-ESTADO NA ANTIGUIDADE CRISTÃ

Com a expansão e crescimento do cristianismo, este se tornou uma força dominante. A partir do envolvimento estreito com o poder secular, imperial, o cristianismo deixou de ser uma religião perseguida e malvista, e em fins do século IV tornou-se a Igreja única e perseguidora do paganismo.
O período anterior ao imperador Constantino foi marcado pelo distanciamento da Igreja em relação ao “Estado”. O cristianismo reivindicava um exclusivismo absoluto. Além dessa novidade o cristianismo também introduziu na sociedade novidades em relação à civilização antiga: distinção entre religião e política; reivindicação da liberdade de consciência no relacionamento com Deus.

FASES DA PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS: DE NERO A DIOCLECIANO.

Fatores que geraram e fomentaram as perseguições: recusa do reconhecimento da competência do estado em questões religiosas; propaganda anticristã por parte das comunidades judaicas; ameaça aos negócios (sacerdotes, comerciantes, adivinhos, astrólogos e mestres de escola); conduta moral severa; aura de mistério acerca da fé e das celebrações litúrgicas.
O primeiro período de perseguição aos cristãos (séculos I-II) é marcado pela aversão da opinião pública sobre os cristãos. Os principais imperadores que perseguiram a Igreja foram: Nero (54-68); Dominciano (81-96); Trajano (98-117); e Marco Aurélio (161-180).
O segundo período (século III ao início do IV) é marcado pelo fator político. Os imperadores que perseguiram a Igreja foram: Séptimo Severo (193-211); Maximino Trácio (235-238); Décio (249-251); Valeriano (253-260); Galieno (260-267); Diocleciano (284-305).
Enfim o imperador Galério (305-311), ao reconhecer que as perseguições não davam bons resultados, concedeu aos cristãos a liberdade de culto aos cristãos através do edito de tolerância (311), mas não lhes restituiu seus bens.

A GUINADA CONSTANTINIANA

Ao triunfar sobre seus adversários, Constantino, em 313, selou um acordo com Licínio (outro na disputa imperial), o protocolo de Milão. Neste acordo o cristianismo foi equiparado às demais religiões sendo mantida a liberdade de culto, e os bens confiscados dos cristãos lhes foram restituídos.
A partir de 337, o poder imperial foi exercido pelos filhos de Constantino: Constantino II, Constante e Constâncio. Houve neste período uma tentativa de restabelecimento do paganismo através do sobrinho de Constâncio, que em 361 foi proclamado imperador pelo exército das Gálias.
Em 27 de fevereiro de 380, o imperador Teodósio impôs a todos os cidadãos a religião cristã. Todos teriam que professar a fé da Igreja. É a partir desta data que, oficialmente, o cristianismo se tornou a religião oficial do império romano, ou seja o cristianismo se tornou uma religião de estado.

Texto adaptado de MONDONI, D. História da Igreja na antigüidade. São Paulo: Loyola, 2006.